segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Leonardo Woolf.

os pontos já haviam sido tirados mas as cicatrizes parecia não gostar da idéia de se cicatrizarem. o balão de hélio vermelho onde estava escrito ‘sare logo’ que ele mesmo havia amarrado à cabeceira da sua cama do hospital agora já estava começando a murchar. ele olhou para frente, onde encontrou uma mesa com um pote. tentou se levantar, sentiu um pouco de dor, mas mesmo assim, seguiu em frente.
ao chegar perto, percebeu que estava ali, no pote, um coração imerso em água. olhou para os lados. não entendia nada até que viu, bem perto de onde estava, uma folha de papel virada ao avesso. a segurou bem perto dos olhos, mas a sua visão de 63 anos não era mais a mesma que aos 23. voltou para perto da cama, alcançou a cabeceira e pegou os seus óculos.
as letras não eram assim tão grandes, mas as conseguiu ler. lá diziam: “enfermeira,esse coração pertencia ao Sr. Leonardo Woolf. por favor, entregar até às 9:00 na sala 32 para ser descartado.”. Leonardo Woolf então se sentiu como se lhe tivesse tirado os pés do chão. como se a via láctea por completo estourasse em sua cabeça. Estava completamente sem ação até que, mais por reflexo, fitou o relógio. marcava 8:56.
pensou que logo sentiriam falta do seu coração e não conseguiu pensar mais que uma vez e já estava se vendo correndo, segurando o pote com o seu coração, pelos corredores de hospital e também para longe dele.
enquanto corria freneticamente pelas ruas, ainda de pijama, várias imagens passaram por sua cabeça. enfim, lembrou-se de seu médico o aconselhando a não fazer a operação, que estava ele colocando tudo seu em risco. lembrou exatamente do médico dizendo “ sem seu coração, sua respiração será apenas um ritmo qualquer”. em seguida, lembrou da carta de despedida que a sua mulher havia lhe deixado horas antes dela cair no lago (ela que sabia nadar tão bem…). lembrou-se de anos mais cedo, quando depois de uma grande discussão com a sua única filha a encontrou morta dentre os escombros de um carro após um sério acidente na rodovia.por fim, lembrou-se do fogo em um quarto de criança, aquele que matou seus pais quando ele ainda era pequeno.mas diferente de antes, essas lembranças não lhe causava dor alguma. ele apenas lembrava-se delas e não sentia nada. nada acontecia.
ele achou que assim estava melhor, por fim.
alguns dias se passaram. já estava em sua casa, e os dias cada vez se tornavam mais iguais.havia perdido a vontade, que antes era superior a si mesmo, de escrever. parecia que nem a comida tinha mais o gosto que ele já estava acostumado. nada lhe dava mais prazer algum. às vezes, olhava-se pelo espelho. encontrava apenas um velho, com as faces descaídas, rugas que agora não significavam mais nada para ele. ele havia guardado todos os porta-retratos da casa, mas havia deixado um que continha a foto de sua mulher e sua filha próximo ao espelho. ele as encarava e, para ele, apesar dele saber quem eram, lhe pareciam apenas estranhas conhecidas.



Leonardo Woolf, numa quinta-feira à noite se dirigiu à um show de Blues, umas das poucas coisas que ainda gostava. Naquele dia, apresentava-se Olga. Olga, sem sobrenome nem antecedentes. a baixo do seu nome no cartaz da apresentação estava escrito “que canta tão triste que te faz chorar”.
As músicas passavam-se, e por mais que Leonardo Woolf apontasse a primeira vontade de sentir alguma coisa desde que lhe foi tirado o coração nada vinha ao seu alcance. Sentiu um gosto amargo na boca. Só.
ao final, Olga se despediu e ele viu algum esboço de lágrimas em seus olhos. talvez tenha sido alguma ilusão devido ao jogo de luz usado no bar. ele, que estava um pouco conturbado, resolveu refazer o caminho para casa à pé.
no seu caminho, viu pessoas rindo e ratos que corriam entre a escuridão das árvores. chegou em casa, sentiu as mãos um pouco mais frias que o normal.ao chegar no quarto, fitou mais uma vez o coração que ele recusava a enxergar escondido próximo a prateleira mais alta. viu que chovia muito do lado de fora…
agarrou o pote com as mãos ainda bem frias e agora trêmulas.o levou até a cozinha.
Leonardo Woolf pegou um prato, começava a se sentir um pouco desesperado agora. arrumou a mesa como sempre. um prato e talheres. o guardanapo na esquerda, como gostava.abriu o pote, não reconheceu aquele cheiro, pegou o coração com as mãos e o colocou em seu prato. lembrou-se do retrato de sua mulher e filha e trouxe a mesa junto com a ultima tela que ele próprio havia pintado dias antes da operação.sentou-se novamente. olhou em sua volta. pegou o seu garfo, a faca. olhou-as de perto. respirou fundo.
cortou um pedaço do seu coração e o levou a boca. sentiu mais uma vez um gosto amargo. quis parar, sentiu-se repugnante. não parou. levou à boca um segundo, terceiro, quarto pedaço. acabou. era aquilo.
Leonardo Woolf correu até seu espelho.quis ver sua imagem. nada. nada. tudo tinha se resumido a nada. ele não via mais sua imagem refletida. deitou-se encolhido no chão. pensou, por fim “talvez eu seja o herói desta história. Ele é o único q não precisa ser salvo.”…

O Primário

era a mesma escola com os professores chatos. não era uma aula de desenho mas eu estava lá, e como sempre, desenhava. a professora falava algo sobre o B com A virar um BA, mas realmente, acho que não me interessava muito. Comecei a fazer um circulo. Aquele seria o corpo. puxei quatro linhas, duas pernas e dois braços. não quis fazer o contorno do rosto, era meio chato. fiz o cabelo e os olhos. achei que ela estava um pouco vesga mas não me importei. mostrei para a amiguinha que estava do lado e para o bem do meu orgulho e azar da minha condição, ela riu mais alto do que eu esperaria que ela risse. a professora chegou perto de onde eu estava sentado e, mais uma vez para o meu azar, percebeu que ela não estava desenhada tão magra como ela achava que estava. ela gritou e gritou. lembro de uma palavra ou duas. mandou-me para fora de sala, para uma conselheira ou psicóloga da escola. a professora disse que eu precisava conversar com alguém. a sala da psicóloga tinha um cheiro esquisito que misturava cinza de cigarros e um pouco de menta. eu já estava, de certo, confuso. ela disse-me o quão mal eu havia me comportado e que teria um longo trabalho pela frente. Mandou-me desenhar mais algumas coisas.eu desenhei. ela ligou para minha casa naquela noite e disse à minha mãe que eu teria que eu teria uma sessão extra com ela após as aulas do dia seguinte.a sessão havia começado há apenas 14:23 minutos e ela falou que iríamos dar uma saída. pegou as chaves entramos no carro, ascendeu um cigarro e me ofereceu outro. eu aceitei e achei bom. disse que estávamos indo para casa dela. logo que entramos ela me levou para o seu quarto. me deitou na sua cama. eu disse que precisava fazer xixi. ela disse que eu não precisava e que esse era o nosso segredo, então não fiz xixi. ela tirou os meus short e deu um beijo no meu pipi. eu confesso que ela beijava bem e era doce. eu disse que queria dormi e então dormi. ela começou a ficar zangada e zangada e zangada e parecia que ela tinha perdido o censo…
era a mesma escola com os professores chatos. não era uma aula de desenho mas eu estava lá, e como sempre, desenhava. a professora falava algo sobre o B com A virar um BA, mas realmente, acho que não me interessava muito. comecei a fazer um circulo. aquele seria o corpo. puxei quatro linhas, duas pernas e dois braços. não quis fazer o contorno do rosto, era meio chato. fiz o cabelo e os olhos. achei que ela estava um pouco vesga mas não me importei

Das Formigas

nós acabamos esquecendo um resto de bolo do nosso casamento em cima da mesa. fomos dormir e o mundo era nós mesmos.
durante a noite, uma formiga avisou outra que avisou outra que uma montanha de açúcar havia aparecido sobre a mesa. Organizaram uma expedição. subiram pela parede, chegaram ao topo da mesa.
foi quando viram o que acharam ser o céu, todo aquele elo era o que iluminava o seus corações.mandaram chamar a rainha. ela tinha que ver aquilo!
a chegada da rainha foi como mágica. um grande evento para todos. ela resolveu que toda a colônia se mudaria para o bolo. acreditava que ali a vida seria algo melhor.
na manhã seguinte, nos levantamos e fomos até a cozinha. estávamos muito felizes para perceber o nosso próprio mundo do lado de fora.
minha esposa então parou. ficou olhando paralizada para a mesa da cozinha.
olhei então para o resto do bolo do nosso casamento.
acho que acabamos pensando a mesma coisa. enquanto olhávamos para aquele bolo, que nada mais era que o resto de nosso matrimônio, lembravamos que tudo aquilo tinha passado. que não eramos mais um simples noivo e uma simples noiva. a verdade é que tínhamos medo! medo de que a contagem regressiva da nossa felicidade teria começado naquele momento. tinhamos medo de acabarmos igual aquele bolo de festa. um resto que não combinava em nada com a decoração da nossa cozinha. afinal, o casamento é a instituição mais não-sólida existente!
pareceu, enfim, que despertamos. peguei o resto de lembranças e fui em direção ao lixeiro. minha esposa gritou, me fez tremer as mãos. me disse que aquelas formigas haviam comido o nosso casamento e que, agora, elas também faziam parte da nossa felicidade.
não a entendi no primeiro instante, mas logo depois, as idéias foram esclarescendo-se.
os anos foram se passando e as formigas se tornaram parte de nossa família e de nós mesmos. compramos uma espécie de casa de vidro onde elas instalaram suas próprias família. foram anos felizes. elas fizeram uma estátua em nossa homenagem e a colocaram no lugar mais alto. todos os finais de semanas elas se enfileiravam para tirarem fotos com o monumento. colocaram os nossos nomes na sua cidade e esperavam respostas nossas para os seus problemas. era contagiante!
as notícias começaram a rodar rápido. depois de cinco anos, começei a ir mal no trabalho. logo fui despedido. chegava em casa e enxergava um apartamento em pré-guerra. começávamos nossas brigas intermináveis. minha esposa dizia sempre que a culpa era completamente minha. era contagiante!
as formigas assistiam aquilo e começavam a entrar em ondas de depressão. começaram as nos culpar pela violência entre elas. elas diziam que era tudo por nossa causa. logo acorrentaram nossa estátua e a quebraram em pedaços. acusaram-nos de tudo! disseram que mudaram o nome de sua cidade e falaram que nos odiavam. era contagiante!
a situação no formigueiro ficava cada vez mais crítica e pandemônica a medida que não parávamos de brigar. era contagiante!
houve então uma reunião da associação do formigueiro. todas elas amarraram faixas brancas em suas cabeças, se enfileiraram até a torneira mais próximas e a direcionaram para suas casas. a ligaram e todo se juntaram a uma morte subita e sufocante. era contagiante!
o que era contagiante contagiou o outro.
assim como nosso casamento, morte súbita e sufocante.

A estranha

ela entrou, então, na igreja. parou. retornou ao primeiro degrau. respirou mais fundo que de costume. fechou os olhos por alguns instantes. pareciam intermináveis 5 minutos e que de fato eram. decidiu que teria que dar um passo. estava frio lá fora. parecia que tinha esquecido como mexer as pernas. colocou um pé na frente do outro. se sentiu mínima. foi andando até chegar ao primeiro banco. encontrou uma mulher chorando. acho que seus problemas não eram nada a mais do os dela. sentiu-se egoísta. tentou sentar-se perto dela. ela se afastou um pouco. se aproximou mais ainda. queria enxergar os seus olhos, de perto. a senhora chorosa a olhou, fez uma expressão de repúdio, levantou-se, se mudou para a fileira da frente. a estranha viu aquilo e uma lágrima apenas escorreu pelo canto de seu olho esquerdo. ela também levantou-se, passou ao lado da alma chorosa e passou a mão em sua cabeça. a mulher, que agora parecia mais sofrida que nunca, soltou um grito e a afastou com um empurrão. decidiu então ir até o altar. chegou próxima a imagem de uma cruz. uma música brotou dos fundos da igreja. ouviu muitas vozes ecoando ‘Ave Maria…”. a estranha olhou para trás.

terça-feira, 21 de julho de 2009

consequências

não diga para sua mãe que está com medo nem para o seu amor que o seu coração provavelmente se partirá. não diga ao seu deus o que você deixou de acreditar pois a partir do momento que os disser eles deixarão você.

sentirá uma falta muito ruim deles.
vai esperar que eles voltem.
desejará que eles estejam com você de novo.

mas os deuses que deixaram você nunca perdoarão sua casa.
idéias são vulneráveis.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Удачи! (Udači)

tive um sonho e Nikolai Tchernichevski aparecia nítido, nítido. em seu cabelo tinha uma pequena aranha que ele logo esmagou. pegou sua bengala, recolocou seus óculos na ponta do nariz, olhou nos meus olhos e disse ‘você não precisa fazer se não quiser’.respondi: ‘não sabes nada!’. ela era apenas mais um utópico e eu apenas um corpo oco. ele não sabia nada sobre as minhas apólices de seguro. peguei a coleira do meu cachorro e fechei a porta. ele no outro dia me seguiu até o médico. o médico então me disse ‘você não precisa fazer se não quiser’. Dr.Milosevic e Tchernichevski foram, então, conversar com o meu chefe. meu chefe acendeu seu melhor charuto, me ofereceu outro e disse ‘você não precisa fazer se não quiser’. falou que eu deveria tirar umas semanas de férias. eu levantei da minha cadeira e corri pela fábrica. Tchernichevski me comprou um sorvete e um balão escrito ‘recuperações memoráveis’.

pela manhã, vesti as crianças muito bem. liguei para o meu chefe e disse que o odiava. peguei na mão da mais nova que segurava a mão da irmã mais velha. a mais velha, Bárbara segurava o retrato da minha esposa morta. fomos ao restaurante e pedi o salmão mais caro. minhas filhas me enxergaram que do que eu sou. eu disse “Bárbara, você anda tão parecida com sua mãe”. disse que teria mais algum dinheiro que andava guardando para mais algumas sessões da Quimo no cofre atrás do quadro da Anastasia Hohriakiva. infelizmente não estávamos mais na Rússia…

Chovia o mundo do lado de fora e a casa já parecia mais vazia. disse que ia até o banheiro, levei comigo uma das facas de peixe que estavam pela mesa. me enxerguei no espelho, mas algum resto do meu cabelo ainda teimava de permanecer sobre a minha cabeça; levei a faca a altura do meu pescoço…

segunda-feira, 29 de junho de 2009

dois vermes

dois pequenos vermes na lama. um queria tentar voar pelo mundo e outro disse: ‘fique aqui perto, é melhor pra você’. mas ele era um mentiroso. o verme acreditou em tudo. os anos passaram e o verme viu que os novos vermes já saiam para voar para longe. ele se arrependeu e quis voar, agora. não adiantava mais, já era velho e o outro, já havia morrido.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

de como olhar para os dois lados

ia escrever um texto meu, aquele que pretendia colocar no concurso e que perdi a inscrição, mas hoje tive mais uma daquelas aulas maravilhosas da minha professora de geopolítica, Luciana Worms. não vou ficar puxando saco dela por aqui (apesar dela merecer, muito), vou direto ao assunto.

hoje a professora passou boa parte da aula explicando conceitos de Direita X Esquerda. sempre achei que grande parte das minhas idéias era de esquerda, e portanto, me achei de esquerda. então, como sempre, entrei em mais uma de minhas contradições: como seguir meu sonho (publicidade) com pensamento de esquerda. longe de mim me declarar de centro. não faz o meu tipo. gosto de tomar partido e defendê-los. não sei ser de outro modo. enfim, acho que tudo foi útil, entendi o que é ser de direita ou de esquerda.

toda minha vida, cresci vendo professores que se declaravam imparciais, mas sempre exaltavam a esquerda, colocando a direita como o lado mesquinho e malvado da vida. algo bem condenável, pra falar a verdade. fico feliz que isso para mim, enfim, se esclareceu e hoje dá pra ver bem a situação. se falei antes das minhas contradições, descobri algo. a direita me abriga.

não acho que todas as pessoas são iguais. acredito na minha individualidade e acredito na individualidade das outras pessoas. acho que as pessoas são bem diferentes, é impossivel alguém impor algo que deve ser considerado ‘o bem comum’ para todos. tenho minha mente, não sou só uma barriga na multidão. existo. não sou de esquerda e também não sou, por completo, alguém maligno e impiedoso. só acredito num sucesso pessoal e que pode ser alvo de alguma corrupção (por que não?). me encontrei em uma ideologia

não vou me levar tão à sério agora. provavelmente, verei isso que escrevi em algum lugar mais a frente e rirei de mim mesmo. me acharei um bobo por escrever algo assim. enfim, por agora, com 17, sei de alguma coisa que pode não ser a minha verdade pra todo sempre,mas  é minha verdade agora.

me declaro de direita e liberal.

terça-feira, 23 de junho de 2009

de como a oportunidade bate ao lado

faz uma semana que eu ando me obrigado a ir até a secretaria me inscrever no ‘concurso’ de literatura alguma coisa da minha escola que o meu professor de Português comentou na sala. é muito fácil chegar na secretaria e pedir o regulamento. fácil, fácil. mais fácil que enfrentar a fila do lanche na escola. a verdade, é que não sei mesmo por que ainda não fui. não sei se é medo, não sei se todo esforço seria em vão. só sei que quero participar, mesmo que seja irrelevante.

quando soube do tal, explodiram ideias da minha cabeça e também do meu coração. passei 2 dias (enquanto eu tive tempo para ter nada na cabeça) pensando no tema com que eu entraria no assunto. não foi difícil eu encontrar tudo. até por que, a história já esta toda montada aqui, pois para mim, é só um grande vômito de impressões que tive há certo tempo na minha vida e que me marcou bem…

não vou comentar sobre o que escreverei antes de escrever.

até porque, como sempre (odeio isso em mim) descompri mais uma vez uma das minhas promessas pessoais. prometi que não ia dizer nada a ninguém que ia participar do dito. resultado: contei. :T é frustante.

mas, me guiando pra parte mais dificil, tentarei fazer mais uma promessa para amanhã. pegarei o regulamento e começarei a escrever (tenho medo de ter acabado as inscrições).

acho que me fará bem(se isso importar a alguém). necessito, desesperadamente, expor meu coração para fora. é esse o resumo da ópera.

 

terminando: mordi a língua há 3 dias, e até hoje ela me lembra o quanto não consigo pensar e comer ao mesmo tempo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

de como preciso rever meus conceitos.

confesso. muitas vezes, eu sou bastante hipócrita com os meus mais simples e expostos conceitos e preconceitos. não cabem falar aqui qualquer um deles, mas tenho. principalmente os meus preconceitos, os quais acho o mais grave. o interessante: mesmo sabendo que é uma merda isso em mim, definitivamente, não tenho intenção de mudá-lo. não sei então se sou ou não algo que se deva um auto-valor. tento e desejo acreditar que sim, acredite.

não há muito o porquê ficar expondo minhas maiores hípocrisias em um lugar comum, longe dos meus próprios ossos. aposto, os levarei ao túmulo e não sinto nem qualquer tipo de remosso por isso. é o que eu sou, sujo ou não.

para exemplificar minha pequena ‘disfunção’ tem aqui algo bem simples:
sempre digo para quem quiser ouvir: ‘não tenho preconceitos dependendo de qual’. e instantaneamente começo a discutir minha teoria, que para muitos é um pouco equivocada (claramente que discordo), e logo condeno. condeno. condeno. acho que ganho por isso mas logo vejo que sempre saio ferido por mim mesmo com tais teorias. a verdade, tenho sim preconceitos. e muito,s nas mais variadas formas.

o mais simples de comentar? Clarice Lispector. sempre ouvir milhares de vezes sobre o gênio que era clarice lispector. que ela era isso ou aquilo. simplesmente, criei averssão. simples e fatal. algo sem caso. acho que sempre imaginei que era ela só mais um alvo de ‘super-intelecturas-ultra-machadianos’ do ‘nosso’ país. algo também por ela ser autora brasileira querendo ser algo a mais. enfim, não sei bem o porquê, só sabia que não gostava. Enfim, o destino colocou no vestibular da UFPR o livro Felicidade Clandestina. meu preconceito continuou. mas parou no momento que li o primeiro conto. fui lendo e fui lendo e ‘acordei’. meu preconceito me cegava, e muito. descobri algo em que me encontrei. descobri que Ela me entende de algum modo. assim como em Goethe, encontrei alguém em quem me apoiar e descarregar. um quase sonho clandestino.

não sei como concluir, só sei que tudo isso é meio auto-destrutivo. não sei como melhorar e talvez nem queira. só sei que isso tudo, deixa, cada vez mais, a minha felicidade mais clandestina.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

eu poderia correr por um lago agora. quem sabe assim, teria algo para contar…

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

passando tempo com picles

um dia resolvi sair de casa para dar um passeio. passei pela parada de ônibus e um gato cruzou meu caminho. pelo que me lembro, ele era preto. sim… era preto e seus olhos brilhavam até mesmo quando ainda estávamos no fim da tarde. ele me encarou, eu sei que ele me encarou. não liguei… na volta, passei em frente ao mercado. entrei, fui direto a sessão de conservas. não sabia bem o porquê, só sabia que ia ser divertido se eu ficasse por lá algum tempo. apesar de ter o mesmo clima que todo o mercado, lá era mais frio, e isso me atraiu. passei os olhos pelas prateleiras e me senti melhor. vi uma lata de picles em conserva. olhei pra ele e ele olhou pra mim. nao sei, mas por algum momento, nos conectamos. passei pela porta e um homem grande e com cara de quem brigou com a mulher na hora do almoço disse: “ei, você precisa pagar por isso.”. meu coração parou. fechei os olhos e não fui eu quem respondi, mas sim o picles “ queria ver o campo abaixo de mim. queria poder ouvir o galo cantar. mas vivo no centro e as trevas chegam junto com o novo carregamento da semana. queria ver o campo abaixo de mim. sentir a grama nascendo abaixo da minha carne que parece morrer por aqui…”. aquele homem grande tirou de seu chapéu uma chave e a me entregou e disse “preciso do seu dinheiro, mas não me importaria se levasse meu carro” engatei a chave no contado e disse ao meu grande amigo “a liberdade está aqui.” ele então tirou suas mão do seu pote e pegou no volante e disse-me: “amigo bobo, todos somos prisioneiros e vivemos a nossa vida apenas para tentar escapá-la. mas agora não há barreiras nem obstáculos. a vida começa de novo e de novo, mesmo todos gritando e a querendo de volta. atire-se de seu próprio barco e afogue-se. talvez você se sinta livre e daí tente sempre manter-se livre a qualquer custo, mas esta já não é outra prisão? não, nunca mais vou esperar. não me ligue, não me escreva. posso estar apaixonado por sua filha no futuro então, por favor… fuja do centro. eu não estarei mais aqui…” fechei a porta do carro. saí andando enquanto via a fumaça daquele carro desaparecendo levemente no horizonte.

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